Os jurados absolveram nesta quarta-feira a advogada Carla Cepollina da acusação de matar o namorado, o coronel Ubiratan Guimarães, em setembro de 2006. O juiz Bruno Ronchetti de Castro anunciou a sentença às 19h15, meia hora após o conselho de sentença formado por seis homens e uma mulher ter se reunido na sala secreta.
“O depoimento da Carla e as divergências sobre o horário da morte do coronel foram fundamentais para a absolvição”, comentou o advogado Eugênio Malavasi, que defendeu a acusada junto com a mãe de Carla, Liliana Prinzivalli.
Carla estava emocionada. “Estou feliz porque uma injustiça foi corrigida, mas ao mesmo tempo fico triste porque quem matou o coronel continua impune”, disse. Ela afirmou que pretende retomar a vida parada por seis anos. “Vou começar do zero”, disse.
Já o promotor João Carlos Calsavara estava inconformado. “Quem foi julgado foi o coronel Ubiratan, não a Carla. Peço perdão à família da vítima, mas fiz o meu trabalho”, desabafou. Para o promotor, quem estava no banco dos réus era a PM, a violência nas ruas e o atual momento da vida do país. Calsavara disse que não vai recorrer da decisão. “Respeito a vontade da sociedade.”
O assistente da acusação, Vicente Cascione, também saiu arrasado do Fórum da Barra Funda. “Isso prova que até hoje o Ubiratan é estigmatizado. Ele foi absolvido do episódio do Carandiru por 22 desembargadores, mas a mídia ainda insiste em qualificá-lo como o homem que comandou o massacre”, lamentou.
Dois dos três filhos do coronel, Diogo e Fabrício, saíram chorando. Eles já haviam sido expulsos do plenário pelo juiz durante os debates, por terem se levantado quando Cascione anunciou a presença deles lá.
Defesa de Carla usa falha de legista para apontar inocência
A defesa usou uma falha do legista, de não ter colocado no laudo o horário exato do exame necroscópico feito no corpo do coronel Ubiratan Guimarães, para apontar inocência da ré. Segundo a advogada Liliana Prinzivalli, o coronel morreu na manhã de 10 de setembro e não na noite do dia anterior. A explicação dela é que o cadáver foi encontrado na noite de domingo, o carro de cadáver chamado às 2h17 de segunda-feira e a necrópsia feita por volta das 5h. O legista concluiu que a morte havia ocorrido entre 18 ou 20 horas antes da análise. Liliana afirmou que o coronel estava vivo, porque um torpedo foi passado por Carla para o celular dele às 8h21. A mensagem caiu somente às 11h27, quando, segundo a operadora, o aparelho foi religado.
Promotor qualificou a ré como rica, prepotente e arrogante
O promotor João Carlos Calsavara tentou passar aos jurados que Carla Cepollina é uma mulher arrogante, prepotente, dominadora, que queria tomar conta da vida do coronel mesmo sem a vontade dele. "Ela era como o Chicão do Corinthians no pé do coronel", disse, comparando a marcação cerrada do zagueiro ao relacionamento do casal.
O assistente da acusação, Vicente Cascione, pautou toda a sua estratégia no fato de que, entre 17h15 e 20h30 de 9 de setembro de 2006, quando teria ocorrido a morte, segundo a denúncia, apenas Carla e o coronel estiveram no apartamento dela e ninguém mais entrou. Ele afirmou que se ninguém conhecesse a delegada federal Renata Madi, pivô do crime, provavelmente não haveria evidências contra a ré.
Fonte: Diário de São Paulo
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